A REFORMA
Ser Mat 16 18 Rm 12 1a2
“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras”
(Ap 2,5a).
INTRODUÇÃO
Conforme a promessa do Senhor, embora a Igreja fosse batida de todos os lados pelas “portas do inferno” que se fecharam nas perseguições, e se abriram na oficialização, a Igreja se manteve. Mesmo no tempo de sua degeneração, havia sempre uma reação aos desvios da Igreja. Em certas ocasiões, esta reação foi condenada como herética, por aqueles que, valendo-se da Igreja, pretendiam dominar as consciências. Havia por toda parte Intenso desejo naqueles que eram a verdadeira Igreja, de se fazer voltar à Igreja oficial, os princípios evangélicos.
Todos estes movimentos desejavam a doutrina e prática da Igreja de acordo com o Evangelho puro e simples.
Até mesmo dois Concílios: o de Constança, em que havia pretensão de se fazer “A Reforma da Igreja da Cabeça aos Pés”, e o de Basiléia — tinham o espírito de Reforma. Os que lutaram, e até deram a vida pela reforma da Igreja, e que precederam à Reforma, são chamados “precursores da Reforma”,
Tema: A reforma 1
I. A RAZÃO DA REFORMA
A condição e o estado da Igreja haviam despertado um desejo quase geral de reforma, Para muitos, esta reforma seria apenas a moralização da Igreja, Entretanto, os reformadores sentiram que esta reforma teria de nascer pela parte doutrinária.
1, Para Lutero.
Dois fatos principais determinaram a ação de Lutero para a Reforma: o ensino da Bíblia e a aberração da venda das Indulgências. Lutero tinha espírito profundamente religioso, que foi preparado, providencialmente, para aquela tarefa. Foi criado em lar austero e piedoso de camponeses. Doutor em Filosofia, passou aos estudos de Direito, na mais famosa universidade alemã - a de Erfurt. Circunstancialmente, decidiu tornar-se monge quando, apanhado por uma tempestade em que viu seu amigo fulminado por uma faísca atmosférica. Em 1505, entrou para o convento agostiniano, em Erfurt, onde fez rigorosas penitências, confessando-se frequentemente em busca de segurança espiritual e “paz com Deus”. Em 1512, tornou-se doutor em Teologia.Indo a Roma, em 1511, a negócios de sua Ordem, viu a devassidão da ‘cidade santa’. Lá, subindo de joelhos a escada da catedral de São Pedro, repetindo em cada degrau o ‘Padre Nosso’ para livrar do purgatório a alma de seu pai, sentiu a inutilidade de tais penitências, visto que o “Justo viverá da fé”. A leitura destas palavras na Epístola aos Romanos deu-lhe a segurança e paz que procurava.
Sendo professor na universidade em Witemberg, Lutero passou a expor as Escrituras em suas lições e preleções. Isto foi o primeiro fato.
O segundo - as indulgências. João Tetzel foi designado pregador das indulgências, na Saxônia. Dramaticamente, persuadia as pessoas a comprar as indulgências para libertar do purgatório as almas de seus parentes, dizendo: ‘...logo que uma moeda bater no fundo da caixa, a alma solta-e do purgatório e dirige-se em liberdade para o céu...” (citado por Rui Barbosa) “.., Tão grande é a eficácia delas que chegariam a remir e expiar os maiores pecados, ainda os daquele que (por impossível) violasse a mãe de Deus, e a grangear aos pecadores a absolvição da pena e culpa...
Na véspera do dia de todos os santos, dia em que todos os camponeses viriam a Witemberg para a missa, Lutero afixou as 95 teses contra as indulgências, na porta da Igreja do Castelo Witemberg, a 31 de outubro de 1517, Estava deflagrada a Reforma.
2. Para Calvino,
São bastante diferentes da de Lutero, as razões circunstanciais da Reforma para Calvino, embora o motivo seja o mesmo. Calvino tinha apenas 8 anos, quando a Reforma se Iniciou. Ao adotá-la, não tinha propósito de ser um reformador. Dotado de rara inteligência, formado em fina educação e com profundo preparo, sob direção dos mais eminentes mestres de Paris, causou forte impressão em Farel. Estando numa noite em Genebra, onde Guilherme Farel era líder da Reforma, este insistiu em que ele se fixasse na cidade para realizar a reforma que a situação exigia, Seu desejo de continuar nas pesquisas intelectuais, levou-o a recusar o convite. Farel convenceu Calvino a fixar-se em Genebra. Estava lançada a obra que aprofundaria as raízes da Reforma naquela cidade e, dali, para muitos outros lugares, sob a influência e direção de Calvino. “Nas suas mãos, a doutrina do reformador de Witemberg, se transformou em verdadeiro sistema teológico,..”.
II. OS PRINCÍPIOS DA REFORMA
A Igreja, desviada da verdadeira fé, considerou heresia a idéia da volta aos princípios evangélicos, e negou as seguintes teses de João Huss: “1. A igreja se compõe unicamente de predestinados para a vida eterna; 2 estes não podem deixar de ser membros da Igreja, assim como os réprobos não podem a ela pertencer; 3. Cristo é o único chefe da Igreja; 4. a um sacerdote, na sua consciência livre de pecados, não pode ser negada a pregação; 5. pelo contrário, um dignatário, seja ele espiritual ou temporal, que esteja em estado de pecado, é por isso despojado do poder e obrigado a abdicar,”
1. De Lutero
A reforma luterana se realizou firmada nos seguintes pontos básicos:
a) Supremacia da Escritura. Toda autoridade da Igreja, seja pelo bispo seja pelo Concílio, está sujeita à Bíblia,
b) Justificação pela fé. Ninguém será justificado por obras. Pois o homem é justificado pela fé, “independentemente das obras da lei.”
c) Sacerdócio universal dos crentes. O crente não precisa de um intermediário. Em Jesus Cristo , pela fé, ele tem acesso à graça de Deus.
2. De Calvino,
A obra de reforma para a fé cristã, sob a orientação de Calvino, tem cinco pontos básicos:
a) Depravação total: O homem é inteiramente corrompido pelo pecado e incapaz de se salvar,
b) Eleição incondicional. Sendo todos igualmente pecadores, nenhum tem qualidade que o faça merecedor de ser escolhido. A escolha não vê, no homem, uma condição,
c) Expiação limitada. Sendo o sacrifício de Cristo suficiente para expiação de todo pecado, só é eficiente para expiação do pecado daquele que O aceita, pela fé.
d) Graça irresistível ou vocação eficaz. A operação da graça de Deus é de tal maneira que, embora não haja violência, não poderá ser resistida: “aos que predestinou, a esses também chamou”.
e) Perseverança dos santos. Os que são salvos são salvos para sempre, pois “jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão.”
Embora expressos de maneira diferente, os princípios são, praticamente, os mesmos, em Lutero e Calvino. O ponto em que eles divergiram foi a presença de Cristo na Santa Ceia que, para Lutero, é física, com os elementos e, para Calvino, mesmo sendo real e verdadeira, é espiritual,
III. EFEITO DA REFORMA
O estabelecimento da Reforma se fez à custa de suor, sangue e lágrimas.Tanto da parte dos predecessores como da dos executores. Somente de Deus poderia vir a força de Lutero (por exemplo) para dizer diante da Dieta de Worms: “Se não for convencido por argumentos da Sagrada Escritura ou por razões plausíveis.. estará presa a minha consciência pela Palavra de Deus. Retratar-me não posso e não quero. . . Deus me ajude. Amém.”
Mas valeu a tenacidade daqueles homens de Deus. Os homens pecadores podiam encontrar graça e misericórdia em Deus, por meio da fé, e Sua salvação, sem terem que fazer penitências intermináveis ou comprar indulgências. Podiam encontrar na Bíblia que Lutero traduzira para o alemão, as verdades eternas da Palavra de Deus. Os muitos escritos, tanto de Lutero como de Calvino, eram orientação segura para os crentes,
Genebra se tornou um modelo de moralidade e de conhecimento, tornando-se, também, centro de refúgio para os perseguidos por causa da fé.
CONCLUSÃO: A necessidade de reforma da Igreja naqueles dias, é um fato Inegável. Comparando-se os princípios da Reforma, verifica-se que esta é a reforma que se devia fazer, pois seus princípios são os mesmos que se acham exarados no Evangelho, Sendo assim, não é possível comunhão religiosa de protestantes e católicos romanos, pois as divergências perduram; são as mesmas, mesmo com as muitas mudanças havidas no ambiente do catolicismo.